Contemplem Britannia!

05/11/2019

Quando Roma invadiu Britannia pela primeira vez, Júlio César tinha como objetivo a exploração de minério. Mas ao se deparar com os druidas, o imperador recolheu seu exército e retornou para casa. Ele compreendeu que naquela terra havia algo maior que o poder de Roma.

Nove décadas depois da invasão de César, os romanos retornam às terras de Britannia. Soldados legionários não se sentem bem ali, alguns desertam e outros vivem com medo porque segundo as lendas de seu povo, Britannia é um lugar amaldiçoado.

Todo o exército está sob o comando do general romano Aulus Plautius (David Morrissey), um homem tirano, sem escrúpulos e que é obsessivo em relação a vencer! Ele deseja que os celtas paguem impostos para o Império Romano em troca de "segurança". Mas, o que o povo de Britannia precisa está muito além dos desejos de Roma.

CRUGDUNON

De um lado da fronteira temos a Tribo Cantii governada pelo Rei Pellenor (Ian McDiarmid). Os Cantii são honrados, respeitam e adoram seus deuses, têm grande soberania e poder. Eles vivem de alianças que firmam com outras tribos para se fortalecerem. O reinado de Pellenor é ditado pelos desígnios dos deuses e tudo o que acontece relacionado ao governo daquela tribo deve ser antes comunicado aos druidas, os olhos dos deuses daquele lugar.

Os druidas nessa série têm uma grande importância, tanto que o Rei se torna indiferente aos seus familiares por causa deles. O príncipe Phelan (Julian Rhind-Tutt) é o filho "preferido" (por ser homem), mas serve como um peão. A princesa Kerra (Kelly Reilly) é a filha indesejada (não só por ser mulher) e é proibida, constantemente, de se envolver com os temas mais importantes do governo de seu pai. Apesar de parecer uma estranha ao próprio pai e não concordar com o seu governo, ela o ama.

A TRIBO REIGNI

Enquanto a Tribo Cantii se preocupa com a nova tentativa de Roma em colonizar Britannia, Pellenor se mostra preocupado apenas com um inimigo muito próximo: a Tribo Reigni. Esta tribo nômade é governada por Antedia (Zoë Wanamaker), a Rainha não acredita nos deuses desde que eles mostraram-se favoráveis ao casamento de seu filho Gildas (Joe Armstrong) com a princesa Kerra, e deseja tanto quanto Roma deter o poder das Terras Cantii. Os Reigni vivem uma rixa de longos anos com a família Pellenor e mais do que aquelas terras, desejam vingança. Quando os romanos chegam à Britannia, Antedia vê ali uma oportunidade de aliança para destronar Pellenor. 

A rainha Antendia deseja um reinado onde os deuses são os últimos a falar.
A rainha Antendia deseja um reinado onde os deuses são os últimos a falar.

LOCERY CROSS

Longe do conflito das tribos em um lugar bem simples vive Cait (Eleanor Worthington-Cox), sua irmã Islene (Callie Cooke) e seu pai, Sawyer (Barry Ward). Cait está prestes a ter uma grande mudança em sua vida. Na noite do Solstício ela se tornará uma mulher e os deuses darão poderes à ela. O único problema é que Cait não está pronta para deixar a infância e se entregar à algo desconhecido.

Os deuses daquela terra parecem saber das coisas e acabam mudando o caminho da jovem Cantii conduzindo-a até um druida banido. O homem é extremamente irritante, insensível, aparentemente maluco e de comportamento duvidoso, mas precisa da garota que vive desdenhando tanto quanto pode imaginar.

OS DRUIDAS

Não sabemos o nome daquele homem tão perturbado, apenas que ele é um nômade e antes de encontrar Cait se vê sozinho ao ser banido de sua comunidade. Os druidas têm um santuário afastado de tudo, onde vivem de maneira simples, se dedicam a escutar as vozes de seus deuses e a fazer com que tudo ocorra conforme os desejos divinos.

Aquele que foi excluído do santuário e é mal visto e desprezado, um dia retorna para falar com Veran (Mackenzie Crook), o líder dos druidas. O pária deseja avisar para Veran sobre sinais que tem recebido e também deseja alertá-lo sobre uma grande mudança; algo que se aproxima junto com o Solstício. Entretanto, Veran escuta as vozes divinas e sua única preocupação é manter as tribos das Terras Cantii leais aos deuses de Britannia.

Veran é uma incógnita mas é interessante a forma como em alguns momentos solitário ele se mostra vulnerável.
Veran é uma incógnita mas é interessante a forma como em alguns momentos solitário ele se mostra vulnerável.

BRITANNIA

Nas terras de Britannia os poderes se entrepõem, os druidas são os sábios e os reis apenas se movem conforme a dança dos deuses. Antedia está cansada disso, já que não tem levado ela muito longe e só tem ajudado a diminuir o poder Reigni. Já Pellenor, teve sua vida inteira movida pelos deuses, ele é uma peça preciosa no tabuleiro deles e decide seguir assim.

Roma é mãe de seus próprios deuses e detentora de muito poder! O general Aulus tenta mostrar isso aos celtas, assim conseguindo novas alianças para chegar até o seu objetivo e vencer aquela batalha. Quando os romanos retornam àquelas terras o caos ascende. A Legião pensa que estão ali em busca de poder, mas o general não está arriscando sua vida ali por simples poder, ele deseja mais.

Mas para isso terá que enfrentar muitas coisas: os olhos que tudo enxergam dos druidas, o divino e o profano, a divisão de governos daquelas terras, demônios antigos, bruxas e principalmente os deuses celtas e suas crenças. Aulus terá que conhecer a história daquela terra que deseja colonizar à Roma, alimentá-la de sacrifícios e se tornar súdito antes de general. 


PERSONAGENS

O general é um personagem muito bem construído e apesar de já conhecermos como o Império Romano funciona, ainda assim podemos nos surpreender com Aulus. Além dele, alguns soldados também me pareceram bem construídos. Gostaria que Antonius (Aaron Pierre) tivesse mais protagonismo apenas e apesar de ter gostado de Brutus (Daniel Caltagirone) e Philo (Zaqi Ismail), as cenas dos dois soldados criaram um único ponto de humor depois de vários episódios sem aquele tom humorístico, o que me pareceu desarmônico.

Inúmeras vezes me peguei querendo me aventurar pela Fortaleza Cantii. A princesa Kerra com toda sua espiritualidade, bravura e rebeldia foi o que me fez maratonar esta série duas vezes. Kerra é uma mulher forte mesmo quando ninguém lhe abre espaço. Seu irmão, Phelan, que é o sucessor do rei, mostra ter muitas qualidades mas lhe falta autonomia para que pare de se ser submisso à sua esposa Amena, (Annabel Scholey) que em resumo é uma cobra pronta para dar o bote.

A relação do druida excluído e de Cait me encantou e me preocupou inúmeras vezes. Mas o líder deles, Veran, me pareceu surpreendente e eu acredito que há muito mais a ser revelado sobre ele, parece ser um personagem bem maior do que o que nos foi apresentado nessa primeira temporada.

Para finalizar, tenho que dizer que foi demais para mim como fã de Star Wars e Harry Potter  ter o Palpatine e a Madame Hooch dividindo a tela, me rendi aos encantos da Rainha Antedia quando eu menos esperava e desejei que o Rei Pellenor escutasse mais Kerra e menos os seus deuses.


TEMÁTICAS

A série aborda inúmeras questões, como por exemplo, as mudanças, a ancestralidade, os relacionamentos, o destino, o crescimento, a diversidade de culturas e as escolhas que moldam o nosso futuro e as vezes o de pessoas ao nosso redor. Também nos mostra até onde podemos chegar quando buscamos o poder e a vitória nos esquecendo de todo o restante.

Uma série para maratonar e aproveitar cada segundo de cena, se envolver com os personagens, desconfiar de cada um deles, se encantar com os cenários e refletir sobre muitos acontecimentos da vida real.

A segunda temporada de Britannia já está disponível na FOX, e, se eu fosse você, ia agora mesmo conhecer as lendas que rondam por aquelas terras. Acredito que você retornará de lá com um pouco mais de coragem e uma esperança tão feroz quanto a da nossa princesa Kerra.

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